Naquela manhã ensolarada em Salvador, Sophia acordou com um pressentimento. Uma coceira na palma da mão, sinal de que algo mágico estava por vir, ou melhor, de que algo relacionado a monstros e mistérios estava prestes a acontecer. E para Sophia, que entendia de monstros como ninguém, pressentimentos nunca eram ignorados, ainda mais quando envolviam seu lugar favorito no mundo: a feira livre!
“Pogo, vamos logo! Preciso descobrir o que está acontecendo na feira!”, exclamou Sophia, chamando seu fiel cachorro Pogo, que sonhava em ser um unicórnio corajoso e saltitante.
Atravessando as ruas coloridas de Salvador, Sophia sentia o cheirinho delicioso de frutas frescas e o burburinho animado dos feirantes. Amava a mistura de cores, os sons vibrantes e a energia contagiante da feira. Era como se a cada passo uma nova aventura a aguardasse.
Naquele dia, porém, algo estava diferente. Uma névoa esverdeada pairava sobre as barracas, e um silêncio incomum substituía a algazarra habitual. As barracas de frutas, antes vibrantes, pareciam sem vida, e os feirantes, normalmente falantes, sussurravam com expressões preocupadas.
“Cadê todo mundo?”, perguntou Sophia, com os olhos arregalados. Pogo, farejando o ar com sua capacidade canina, latiu em resposta, um latido baixo e preocupado.
De repente, uma risada estridente ecoou pela feira. Uma figura alta e esguia, com um chapéu pontudo e um vestido cheio de estrelas, surgiu flutuando no ar. Era a Dona Aurora, a feiticeira que vendia ervas mágicas para chás e banhos. Mas, ao invés do seu sorriso acolhedor, um olhar travesso brilhava em seus olhos.
“A feira, minha jovem, precisa de um pouco de… movimento!”, anunciou Dona Aurora, erguendo sua bengala no ar. Uma bola de luz verde explodiu da ponta da bengala, se transformando em uma rede de futebol mágica que flutuava acima das barracas!
Sophia, apaixonada por futebol, sentiu um frio na barriga. A rede mágica começou a sugar a energia da feira, deixando tudo ainda mais quieto e sem cor. Ela sabia que precisava agir!
Dona Aurora, com um aceno de sua bengala, anunciou: “A feira só voltará ao normal quando alguém marcar um gol nesta rede mágica usando um ingrediente secreto… um ingrediente que só pode ser encontrado aqui na feira!”.
Sem hesitar, Sophia se lançou em uma busca frenética pelo ingrediente secreto. Corajosa e determinada, Sophia, com Pogo a acompanhando de perto, correu entre as barracas, perguntando aos feirantes se sabiam de algo que pudesse quebrar o feitiço. Procurou nas barracas de frutas, de temperos, de peixes… nada!
Foi então que Seu Jorge, o simpático feirante de flores, a chamou com um sorriso maroto. “A energia da feira, menina, está nas flores! Use esta rosa do sol, a mais vibrante da feira, para energizar seu chute!”, disse Seu Jorge, entregando-lhe uma rosa de um amarelo radiante.
Sophia, confiante, correu em direção à rede mágica. Com cuidado, prendeu a rosa do sol em seu cabelo, como um amuleto da sorte. Concentrou-se, sentindo a energia da flor vibrar em seu corpo. Puxou a bola para o pé e, com um chute poderoso, mandou a bola direto para a rede.
No instante em que a bola tocou a rede, um clarão tomou conta da feira. A rede mágica se desfez em um pó de estrelas, e a energia da feira voltou com tudo! As cores vibraram, os sons retornaram, e os feirantes voltaram a anunciar seus produtos com entusiasmo.
Dona Aurora, com um sorriso divertido, parabenizou Sophia. “Parabéns, menina! Você salvou a feira com sua energia e determinação!”.
Sophia, exausta mas feliz, voltou para casa com Pogo, que latia e pulava, orgulhoso de sua dona. O mistério da feiticeira na feira havia sido resolvido, mas Sophia sabia que novas aventuras a aguardavam, sempre cheias de magia, mistério e, claro, muito futebol!