Vovó Adélia tinha cabelos como algodão doce, macios e branquinhos, e olhos que brilhavam como os doces de jabuticaba que ela comprava na feira. Ah, a feira! Duda amava a feira! Era um lugar mágico, cheio de cores, cheiros e sons. Tinha o vermelho da melancia, o amarelo da manga, o verde do espinafre e o roxo da uva. Tinha o cheiro doce do bolo de fubá, o cheiro fresco da erva-cidreira e o cheiro da terra molhada nas barracas de flores. E os sons? Ah, os sons eram os melhores! O burburinho das pessoas conversando, os feirantes anunciando seus produtos e os passarinhos cantando nas árvores ao redor.
Naquela manhã de sábado, Duda acordou com o cheirinho de bolo de fubá vindo da cozinha. Vovó Adélia já estava de pé, preparando tudo para irem à feira.
- Vovó, que bom que você fez meu bolo preferido! - disse Duda, abraçando a avó.
- Eu sei que você adora, meu amor! - respondeu vovó Adélia, dando um beijo na testa de Duda. - Agora vá escovar os dentes e se trocar que já vamos sair!
Duda se arrumou rapidinho e logo estavam a caminho da feira. No caminho, vovó Adélia, que adorava contar histórias, começou:
- Duda, você sabia que a feira é um lugar mágico? Dizem que, às vezes, um unicórnio aparece por aqui, atraído pelas cores e pela alegria do lugar.
Os olhos de Duda brilharam! Ela amava unicórnios! Imaginava um cavalo branco, com uma crina longa e brilhante e um chifre em espiral no meio da testa, brilhando como um diamante.
- Sério, vovó? Você acha que a gente pode ver um hoje?
- Quem sabe, meu amor? - respondeu vovó Adélia, sorrindo. - Mas para isso, precisamos manter o coração aberto para a magia da natureza.
Enquanto caminhavam, Duda observava tudo com atenção, procurando qualquer sinal do unicórnio. Viu flores de todas as cores, frutas que pareciam ter sido pintadas à mão e sentiu o cheirinho de terra molhada que subia dos vasos de plantas.
De repente, Duda parou, encantada. Bem na frente dela, em uma barraca de frutas, um cacho de uvas brilhava com as cores do arco-íris! Parecia mágica!
- Vovó, olha! - exclamou Duda, apontando para as uvas. - Que cores lindas! Parecem... parecem um arco-íris!
Vovó Adélia se aproximou e também se encantou com a beleza das uvas. Nunca tinham visto nada parecido! O feirante, um senhor simpático de chapéu de palha, sorriu e disse:
- Essas são as uvas mágicas da felicidade! Quem come uma delas, tem o coração preenchido de alegria!
Duda e vovó Adélia não resistiram e compraram um cacho das uvas mágicas. Enquanto comiam, Duda sentiu uma energia diferente percorrer seu corpo. Era como se a magia da feira estivesse entrando em seu coração!
Nesse momento, Duda ouviu um barulho diferente. Era um som suave, como um sino tocando ao vento. Olhou para o lado e não acreditou no que viu. Escondido atrás de uma barraca de flores, estava ele: um unicórnio!
O unicórnio era ainda mais bonito do que Duda imaginava. Sua crina branca brilhava como a luz do sol, seu chifre em espiral emanava um brilho dourado e seus olhos azuis transmitiam uma paz profunda.
Duda ficou paralisada, sem saber o que fazer. O unicórnio se aproximou lentamente e encostou o focinho em sua mão, como se a convidasse para segui-lo. Sem pensar duas vezes, Duda segurou na crina do unicórnio e, num piscar de olhos, estavam voando por cima da feira!
Duda podia ver tudo lá de cima: as barracas coloridas, as pessoas caminhando, vovó Adélia acenando para ela com um sorriso no rosto. O vento batia em seu rosto, trazendo o cheirinho doce das frutas e o canto dos pássaros.
Depois de um passeio inesquecível, o unicórnio pousou suavemente no chão, ao lado de vovó Adélia.
- Obrigada, unicórnio! - disse Duda, abraçando o pescoço do animal. - Foi mágico!
O unicórnio piscou para Duda e, num piscar de olhos, desapareceu como num passe de mágica.
Duda e vovó Adélia voltaram para casa com o coração cheio de alegria. Duda sabia que nunca esqueceria aquele dia mágico na feira. E, a partir daquele dia, sempre que voltava à feira, olhava ao redor com atenção, na esperança de reencontrar o unicórnio mágico e reviver a magia da natureza.