"João, você não vai acreditar no que eu encontrei na praia!" Laura gritou, correndo na areia fofa em direção ao seu primo.
João, com seus quatro anos de pura energia, ergueu os olhos do castelo de areia que estava construindo. "O quê, o quê? Você achou um dinossauro?" Seus olhos brilhavam de curiosidade.
Laura, com oito anos, já era praticamente uma adulta aos olhos de João. Ela ria, jogando os cabelos loiros para trás. "Não, bobinho! É muito melhor!" Ela abriu a mão, revelando um objeto brilhante. "Uma varinha de condão!"
João arregalou os olhos. Uma varinha de condão na praia? Só podia ser coisa de fada! Ele sempre ouvia histórias sobre as fadas que viviam nas flores do jardim da sua casa em Belo Horizonte. Será que elas tinham vindo visitar a praia também?
"C-como você sabe que é de verdade?" João perguntou, engatinhando para mais perto, com cuidado para não encostar na varinha. Vai que ela perdesse a mágica!
Laura deu um sorriso misterioso. "Eu pedi para ela realizar um desejo, e ela realizou!"
João ficou boquiaberto. "Sério? Qual desejo?"
"Eu desejei um sorvete de morango gigante, e ele apareceu bem ali na minha frente!" Laura apontou para um coco vazio na areia. "A fada deve ter usado a casca do coco para fazer a taça."
João olhou para o coco, imaginando o sorvete gigante. Era muita aventura para um dia só! Mas e se a varinha não funcionasse com ele? E se ele não fosse mágico o suficiente? Um sentimento estranho tomou conta do seu peito.
Laura, como se lesse seus pensamentos, colocou a varinha na mão dele. "Sua vez, João. Peça um desejo!"
João segurou a varinha com cuidado, fechando os olhos com força. Ele pensou em seu brinquedo favorito, o dinossauro Rex, que ele tinha deixado em casa. Seria incrível ter o Rex ali na praia com ele! "Eu quero que meu dinossauro Rex apareça aqui!"
Ele abriu os olhos, mas nada aconteceu. João sentiu seus olhos marejarem. A varinha não funcionava com ele! Ele não era mágico.
Laura abraçou o primo. "Às vezes, as coisas não acontecem como a gente quer, né? Mas isso não quer dizer que a mágica não esteja presente. Olha a praia linda que a gente está, o sol brilhando, o mar azul... É mágico, não é?"
João olhou ao redor, sentindo o cheirinho de maresia e ouvindo o barulho das ondas. Realmente, era mágico! E ele estava ali, com sua prima, construindo castelos de areia e aproveitando o dia.
De repente, ele sentiu algo roçando em sua perna. Era Rex! O dinossauro devia ter vindo escondido na mochila da sua mãe! João deu um grito de alegria e abraçou seu brinquedo favorito.
Naquele dia, João aprendeu que a verdadeira magia estava em aproveitar cada momento, em estar perto de quem a gente ama e em nunca perder a capacidade de se encantar com as coisas simples da vida. E isso era muito mais poderoso do que qualquer varinha de condão!