Enzo estava na sua nova casa. Era grande, maior que a outra, e tinha um jardim enorme onde ele podia correr até cansar! Mas tinha uma coisa que deixava Enzo um pouco assustado: a escola nova. Ele começaria na segunda-feira e, até lá, sua cabeça não parava de imaginar como seria.
- Vovô Lindolfo, você acha que a escola nova é legal? – perguntou Enzo, com um sorriso tímido, enquanto comia seu pão com manteiga.
- Ora, meu neto, escola é sempre um lugar cheio de aventuras! – respondeu o avô, com um brilho nos olhos. – Lembro que na minha época…
E lá vinha história! Vovô Lindolfo amava contar sobre o passado. Ele dizia que, antigamente, as escolas eram diferentes, cheias de giz e quadros negros enormes. Enzo adorava ouvi-lo, mesmo quando não entendia tudo.
Na segunda-feira, o friozinho na barriga apareceu. Enzo segurou forte na mão do avô enquanto caminhavam para a escola. Ao chegarem, viram um pátio cheio de crianças brincando. Tinha até um coelho branco correndo solto!
- Olha, vovô, um coelho! Será que ele está perdido? – Enzo, que adorava animais, ficou preocupado.
- Ele parece feliz, Enzo. Deve estar só explorando! – respondeu o avô, apontando para o coelho que pulava contente.
Enzo entrou na sala de aula, ainda pensando no coelho. A professora, Dona Laura, era muito simpática e logo o fez sentir-se acolhido. As outras crianças também foram legais e, num instante, Enzo já estava brincando com seus novos amigos. Mas, de repente, ele ouviu um barulho estranho vindo do corredor. Era um raspar de unhas no chão, bem baixinho.
- O que é isso? – perguntou Enzo, com os olhos arregalados.
- É só o vento, Enzo. Relaxa! – respondeu Lucas, um menino que sentava ao seu lado.
Mas o barulho continuou, cada vez mais alto. A professora parou a aula e foi até a porta, abrindo-a devagar. Não tinha nada lá!
- Viram? Era só a minha imaginação! – disse Enzo, tentando disfarçar o medo.
No dia seguinte, o coelho branco apareceu de novo no pátio, mas dessa vez, Enzo percebeu algo diferente. Seus olhos pareciam brilhar em um vermelho intenso! E o raspar de unhas voltou, ecoando pelos corredores da escola. Os outros alunos pareciam não notar, mas Enzo sabia que algo estranho estava acontecendo.
Na hora do recreio, Enzo decidiu seguir o coelho. Ele correu pelos corredores até chegar ao final de um corredor escuro. Lá estava o coelho, sentado em frente a uma porta fechada. Seus olhos vermelhos brilhavam, fixos em Enzo. De repente, o coelho se levantou e, com uma das patas, apontou para a porta. Enzo sentiu um arrepio na espinha. O que será que estava acontecendo?
Com a ajuda de Lucas, Enzo descobriu que a porta levava a uma antiga sala de música, abandonada há anos. Resolveram entrar. O ar lá dentro era pesado e o cheiro de mofo tomava conta do ambiente. No centro da sala, havia um piano empoeirado.
- Acho que não tem nada aqui... – sussurrou Lucas, com um tom de medo na voz.
De repente, o piano começou a tocar sozinho! Uma música triste e assustadora invadiu o ambiente. Enzo e Lucas se entreolharam, apavorados. No mesmo instante, o coelho branco pulou na frente deles, seus olhos vermelhos agora pareciam duas bolas de fogo. Enzo fechou os olhos, com medo do que poderia acontecer.
- Calma, coelhinho! Não queremos te fazer mal! – disse Lucas, com a voz tremendo.
Mas, para surpresa deles, o coelho se acalmou e a música parou. No silêncio que se seguiu, Enzo ouviu uma voz fraca e doce:
- Obrigada por me libertarem...
Os meninos olharam ao redor, procurando a fonte da voz. No canto da sala, viram uma menina, com um vestido branco esvoaçante. Ela sorriu para eles.
- Eu era aluna desta escola há muitos anos. Fiquei presa aqui quando a sala de música foi fechada. O coelho era meu amigo e me ajudou a encontrar vocês.
Enzo e Lucas, ainda assustados, prometeram ajudar a menina a encontrar paz. Com a ajuda do diretor da escola, descobriram a história da menina e fizeram uma linda homenagem para ela no pátio. A partir daquele dia, a alma da menina descansou em paz e o coelho branco nunca mais foi visto.
Naquela noite, Enzo abraçou forte seu avô e contou tudo sobre a aventura na escola assombrada. Vovô Lindolfo ouviu tudo com atenção, um sorriso sereno no rosto.
- Viu, Enzo? Nem tudo que parece assustador é de verdade! – disse, afagando os cabelos do neto. – Às vezes, precisamos apenas entender a história por trás do medo.
E assim, Enzo aprendeu que, mesmo em lugares novos, com histórias que ele ainda não conhecia, a coragem e a bondade podiam transformar o medo em amizade e paz. E, claro, que coelhos brancos podem ser mais do que parecem!