"Olha só, Maria! Um barco de madeira de verdade!", exclamou Marina, apontando para a miniatura que decorava a estante.
Maria, com seus seis anos e uma curiosidade infinita, correu até a mãe. "Será que ele navega até o mar?", perguntou, os olhinhos brilhando.
"Quem sabe?", respondeu Marina com um sorriso. "Em Recife, tudo é possível. Lembra da história que a vovó contava? Da sereia que mora nos arrecifes e protege os pescadores?".
Maria adorava as histórias da vovó, especialmente as que falavam da natureza. A floresta perto de casa, seu esconderijo secreto, era cheia de maravilhas. Ela conseguia conversar com os passarinhos e sabia os nomes de todas as flores. Mas sereias... isso sim era mágico!
"Será que um dia vamos conhecer a sereia?", perguntou Maria, esperançosa.
"Para encontrá-la", Marina explicou, "temos que escutar a natureza. Ela nos guia e nos mostra seus segredos, mas só para quem sabe ouvir".
Naquela noite, Maria sonhou com o mar. Ondas gigantes se erguiam, coroadas de espuma branca, e um canto suave ecoava na brisa salgada. Ao longe, uma figura brilhante emergia das águas. Tinha longos cabelos verdes como algas marinhas e uma cauda de escamas que brilhavam como mil sóis. Era a sereia!
Acordou num pulo, o coração acelerado. Precisava contar tudo para a mãe! Marina, sempre carinhosa, ouviu atentamente o sonho de Maria.
"A natureza fala com a gente de várias maneiras, meu amor", disse Marina, acariciando seus cabelos. "Através dos sonhos, dos animais, do vento... Precisamos aprender a escutá-la".
Inspirada pelas palavras da mãe, Maria decidiu que ia se conectar ainda mais com a natureza. Passou a observar com mais atenção os detalhes da floresta, a procurar por sinais, a sentir a energia das árvores. E, quem sabe, a entender a mensagem do seu sonho.
Um dia, enquanto brincava na floresta, Maria ouviu um choro baixo vindo de um tronco de árvore. Aproximou-se cautelosa e viu um passarinho com a asa presa.
"Calma, passarinho, vou te ajudar!", disse Maria, com sua doçura habitual.
Com cuidado, Maria libertou a asa do passarinho. Ele a olhou com gratidão e, para sua surpresa, começou a cantar. Era uma melodia linda e diferente de tudo que já tinha ouvido. Parecia um chamado... um chamado para o mar!
Maria, guiada pelo canto do passarinho e pelo seu coração aventureiro, correu em direção ao mar. A cada passo, a melodia ficava mais forte, guiando-a como um farol. E então, avistou uma pequena enseada, escondida entre as rochas.
No centro da enseada, sobre uma rocha, estava ela: a sereia! Seus cabelos esverdeados brilhavam sob o sol e sua cauda de escamas cintilava como um arco-íris. A sereia cantava, e o som de sua voz era a melodia que Maria ouvira na floresta. Era mágico!
A sereia olhou para Maria e sorriu. Num movimento rápido, mergulhou de volta para as águas cristalinas e desapareceu. Maria sabia, em seu coração, que a magia da natureza era real e que, às vezes, os sonhos se tornavam realidade. Bastava saber ouvir a voz da natureza e seguir seus encantos.
De volta para casa, Maria abraçou a mãe. "Mãe, eu vi a sereia!", exclamou. Marina sorriu. Ela sabia que a filha tinha um coração puro e uma conexão especial com a natureza. E sabia também que, enquanto Maria mantivesse essa conexão viva, a magia e a beleza do mundo estariam sempre ao seu alcance. Afinal, em Recife, até sereia era possível encontrar!