"Uau! Olha só, Yuna, um vulcão de verdade!", Miguel exclamou, os olhos arregalados como pires. Sua mãe o havia trazido para a consulta médica, mas Miguel estava mais interessado na enorme montanha que fumegava ao longe. Yuna, sua gata siamesa de pelúcia, permaneceu em silêncio, mas seus olhos de botão pareciam brilhar com uma luz misteriosa.
"Miguel, vamos entrar, querido. Lembre-se que o doutor está nos esperando", sua mãe o chamou, com um sorriso gentil. Miguel, ainda fascinado pelo vulcão, obedeceu a contragosto. Ele sabia que ir ao médico era importante, era sinal de cuidado e carinho, mas como competir com a aventura que um vulcão prometia?
Após a consulta, que para a surpresa de Miguel foi rápida e divertida, ele finalmente conseguiu convencer sua mãe a parar perto do vulcão.
"Mas Miguel, é perigoso chegar muito perto", alertou sua mãe, preocupada.
"Por favor, mãe! Só um pouquinho! Vou segurar firme na sua mão, prometo!", implorou Miguel, com seu sorriso mais encantador.
E assim, os dois se aventuraram pela trilha que levava à base do vulcão. A cada passo, o ar ficava mais quente e um cheiro de enxofre pairava no ar. Yuna, em seus braços, parecia vibrar de excitação.
De repente, um som melodioso ecoou pelo ar. Era um canto lindo, que parecia vir de dentro do vulcão.
"Você ouviu isso, Yuna?", sussurrou Miguel, os olhos brilhando de curiosidade.
Antes que pudessem investigar de onde vinha o som, uma névoa espessa começou a se formar ao redor deles. Miguel se agarrou à mão de sua mãe, com o coração batendo forte. A névoa era fria e úmida, e ele podia jurar que ouvia risinhos abafados vindos da névoa densa.
Quando a névoa finalmente se dissipou, Miguel e sua mãe se encontraram em uma caverna escura dentro do vulcão. No centro da caverna, um lago de águas cristalinas brilhava sob uma luz estranha. E lá, sentadas nas rochas ao redor do lago, estavam... sereias!
Elas eram lindas, com longos cabelos verdes e caudas brilhantes. Mas seus rostos eram pálidos como a neve e seus lábios estavam esticados em sorrisos congelados, que não chegavam aos olhos.
"Olá", arriscou Miguel, um pouco assustado. As sereias se viraram para ele, seus sorrisos congelados pareciam se alargar ainda mais.
"Bem-vindos", disse uma das sereias, sua voz doce como mel, mas com um toque gélido. "Nós estávamos esperando por vocês."
"E-esperando por nós?", gaguejou Miguel, sentindo um arrepio na espinha. Yuna se mexeu em seus braços, rosnando baixinho.
As sereias então começaram a cantar novamente, a mesma canção linda e triste que Miguel havia ouvido antes. Era uma melodia hipnotizante, que parecia sugar toda a alegria e calor do ambiente.
Miguel sentiu seus olhos ficando pesados, seu corpo ficando frio. Ele sabia que tinha que fazer algo, mas a canção o estava enfeitiçando. Foi então que ele se lembrou do que sua mãe sempre dizia: "Se estiver com medo, cante uma canção feliz!".
E foi o que Miguel fez. Ele começou a cantarolar a canção que sua mãe cantava para ele antes de dormir, uma melodia alegre e boba sobre um gatinho travesso.
Para sua surpresa, as sereias pararam de cantar e cobriram seus ouvidos, com expressões de dor em seus rostos pálidos. A caverna tremeu, a névoa se dissipou e Miguel e sua mãe se viram de volta na trilha, o sol da tarde brilhando sobre eles.
"Uau, que aventura!", exclamou Miguel, ainda trêmulo, mas aliviado. Ele abraçou Yuna com força, grato por sua presença silenciosa. Ele havia aprendido uma lição importante naquele dia: às vezes, a melhor maneira de enfrentar o medo é com um sorriso e uma canção no coração.